No seu livro “ The Language of New Media” Lev Manovich , incontornável autor para aqueles que se relacionam directamente com a interacção Novas Tecnologias/Arte, o supracitado teórico inicia a sua obra com o seguinte prólogo:
“The avant-garde masterpiece A Man With a Movie Camera completed by Russian
director Dziga Vertov in 1929 will serve as our guide to the language of new
media. This prologue consists of a number of stills from the film. Each
still is accompanied by quote from the text summarizing a particular
principle of new media. The number in brackets indicates a page from which
the quote is taken. The prologue thus acts as a visual index to some of the
book's ideas”.

Ou então Berlin: die Symphonie der Grosstadt (Walther Ruttmann, 1927):
Berlin: die Symphonie der Grosstadt
A grande maioria destes filmes enfatizava e exaltava a metrópole como o “topos” supremo e absoluto da Modernidade. Acima de tudo estes filmes procuravam ser tão ou mais modernos que o seu tema de estudo de eleição: A Cidade!
As semelhanças com as expressões avant-gard específicas da época são muitas e diversificadas. O carácter espontâneo destes filmes não vinculados directamente aos grandes estúdios da época, evocavam o olhar impressionista, assim como numerosas técnicas que remetem para a fotografia construtivista.
Através da utilização das mais variadas e ousadas técnicas experimentais, as “ Sinfonias das Cidades”, não evocavam e enalteciam só as metrópoles como os expoentes máximos da modernidade a nível arquitectónico, mas enalteciam também os ritmos, a cadência sincopada da vida moderna que então fazia “formigar” as grandes capitais da época. O cinema bucólico e herdeiro da pantomina, dava lugar a um novo estilo que inaugurava assim a nível pictórico as fronteiras da modernidade. Encontramos neste género cinematográfico representações muito claras da Modernidade, tal e qual como foram preconizadas por teóricos como Walter Benjamin ou Siegfried Kracauer.
Celebrando a dinâmica da vida urbana, as “Sinfonias das Cidades” sugeriam que o cinema era a melhor forma de expressão e o melhor meio para “capturar” estes fenómenos arautos de uma cada vez mais crescente modernidade.
Citando Keith Beath poderemos concluir que:
In this way the subtitle of Ruttmann's film was applied to numerous films
within which practices of visual kinaesthesia constructed a 'symphony' based on
the diurnal cycle of life in the modern metropolis, while simultaneously
infusing avant-gardist perspectives with a historically and politically
cognizant form of social criticism.
JÚLIO MENDES RODRIGO, 21 DE OUTUBRO DE 2008
FILMOGRAFIA ESSENCIAL:
Manhatta (Paul Strand & Charles Sheeler, 1921)
Paris Qui Dort (René Clair, 1925)
A propos de Nice (Jean Vigo, 1930)
Rien Que les Heures (Alberto Cavalcanti, 1926)
Skyscraper Symphony (Robert Florey, 1929)Berliner Stilleben (László Moholy-Nagy, 1931)
Manhattan Medley (Bonney Powell, 1931)
The Man with the Movie Camera (Dziga Vertov, 1929)
Berlin: die Symphonie der Grosstadt (Walther Ruttmann, 1927)
BIBLIOGRAFIA:
KRACAUER, Siegfried, From Caligari to Hitler: A Psychological History of the German Film, 1947
http://www.archive.org/details/fromcaligaritohi013829mbp
¹A. MICHELSON, Kino-Eye: The Writings of Dziga Vertov, University of California Press, Berkeley, 1984.
O Olhar de Ulisses. O Homem e a Câmara. Cinemateca Portuguesa. 2001
ROCHA, Luís Filipe, Jean Vigo , Edições Afrontamento,1981
GRANJA,Vasco, Dziga Vertov, Livros Horizonte, Lisboa, 1981
MANOVICH Lev, The Language of New Media, The MIT Press, 2002
BEATTIE, Keith, From City Symphony to Global City Film: Documentary Display and the Corporeal
http://www.latrobe.edu.au/screeningthepast/20/city-symphony-global-city-film.html
0 comentários:
Enviar um comentário